Divulgar é transformar dados em diálogo. O pôster é o primeiro passo: quem pára por aí, silencia a própria pesquisa.

1. Definição

O tema livre — também conhecido como apresentação em pôster — é uma modalidade de divulgação científica na qual o pesquisador resume os principais achados do seu estudo em um formato visual e sintético, que pode ser compreendido de forma rápida e acessível por avaliadores e visitantes de eventos acadêmicos. Essa forma de apresentação é considerada a transição entre o relatório final (produto da fase de execução da pesquisa) e a divulgação formal, sendo o primeiro exercício público de exposição dos resultados da investigação.

Geralmente, o tema livre ocorre em sessões específicas dentro de congressos, simpósios ou jornadas científicas, nas quais os pôsteres são afixados em locais previamente definidos. O pôster fica disponível ao longo de todo o evento (ou por tempo determinado), permitindo que participantes do evento tenham acesso aos resultados da pesquisa mesmo sem a presença do autor. Esse tempo de exposição contínua é um dos diferenciais do pôster em relação às apresentações orais, pois amplia o alcance e a visibilidade do trabalho.

Além da fixação do pôster, o pesquisador deve estar presente durante o período reservado para apresentação e arguição. Neste momento, terá cerca de sete minutos para expor os principais aspectos do seu estudo para uma banca julgadora, geralmente composta por dois avaliadores. Após a apresentação, a banca poderá fazer perguntas e comentários, com o objetivo de verificar a clareza, consistência e relevância da pesquisa. É uma oportunidade para o pesquisador demonstrar domínio do tema, justificar escolhas metodológicas e refletir sobre os impactos e limitações do seu trabalho.

A elaboração de um tema livre exige capacidade de síntese, clareza visual e domínio conceitual, pois o espaço disponível é restrito e o tempo de exposição oral é curto. Ao mesmo tempo, é uma excelente oportunidade para praticar a comunicação científica e receber feedback qualificado de especialistas, o que contribui para o amadurecimento do pesquisador e pode gerar insights importantes para futuras publicações.

2. Importancia

A apresentação em tema livre — especialmente na forma de pôster — representa uma das estratégias complementares de divulgação científica. Embora não seja obrigatória, tampouco a mais valorizada do ponto de vista acadêmico-formal (como é o caso da publicação de um artigo original em revista científica), ela cumpre um papel essencial no ciclo da pesquisa: o de exercício inicial de comunicação dos resultados e integração com a comunidade científica.

Essa modalidade é especialmente importante para pesquisadores iniciantes, como alunos de iniciação científica, mestrandos ou residentes, pois permite que eles apresentem seus achados de forma simplificada, acessível e dialoguem com avaliadores experientes. Ao expor a pesquisa em um evento, o autor começa a validar socialmente sua produção científica, sendo desafiado a defender suas escolhas metodológicas e a justificar a relevância dos seus resultados. Esse momento é formativo, pois desenvolve competências como síntese, clareza de comunicação, argumentação e pensamento crítico.

Do ponto de vista institucional, o tema livre também dá visibilidade à pesquisa realizada nos cursos de graduação e pós-graduação, fortalece os grupos de pesquisa e estimula o intercâmbio entre instituições. Em eventos científicos, pôsteres muitas vezes atraem colaborações, sugestões metodológicas e até convites para participação em outras pesquisas ou projetos de extensão.

Por fim, ainda que não seja a forma mais robusta de divulgação, o tema livre é um passo estratégico na transição entre o relatório final e o artigo original. Ele oferece uma oportunidade de testar a forma como os dados serão interpretados e compreendidos por outras pessoas, permitindo ao pesquisador identificar eventuais pontos que precisam de ajuste ou aprofundamento antes de redigir o manuscrito definitivo.

Em resumo, apresentar um tema livre é um instrumento pedagógico e científico que, embora opcional, amplia a qualidade e a circulação do conhecimento produzido, e deve ser valorizado como parte do processo de formação do pesquisador.

3. Quem deve fazer?

A responsabilidade de apresentar a pesquisa no formato de tema livre é do próprio pesquisador, que participou ativamente de todas as etapas do estudo — desde o desenvolvimento da ideia brilhante até a redação do relatório final. É ele quem detém o conhecimento mais profundo sobre a pergunta de pesquisa, a metodologia aplicada, os desafios enfrentados durante a execução e a interpretação dos resultados. Por isso, ninguém está mais apto a comunicar os achados da pesquisa de forma clara, fiel e segura do que o próprio autor.

Encaminhar a pesquisa para um evento científico exige que o pesquisador faça a inscrição dentro dos prazos estabelecidos, siga as normas de submissão do evento (como formatação e estrutura do resumo) e esteja preparado para adaptar os resultados ao formato de pôster. Além disso, o pesquisador precisa organizar-se para comparecer presencialmente à sessão de apresentação, interagir com o público e responder aos questionamentos da banca avaliadora.

Em pesquisas realizadas em grupos, com múltiplos autores, a apresentação pode ser delegada a um dos coautores, desde que este esteja bem familiarizado com todos os aspectos do estudo. No entanto, sempre que possível, o ideal é que a apresentação seja feita por aquele que liderou o processo de execução da pesquisa, especialmente se o tema livre estiver vinculado a um trabalho de conclusão de curso, dissertação ou tese. Essa vivência fortalece o desenvolvimento da autonomia científica, da postura acadêmica e da capacidade de argumentação do pesquisador.

Participar de um evento como apresentador de tema livre é também uma oportunidade de inserção na comunidade científica, contribuindo para o crescimento acadêmico e para a consolidação da identidade do pesquisador como produtor de conhecimento. Essa etapa faz parte do processo de amadurecimento na trajetória acadêmica, especialmente para aqueles que almejam seguir carreira científica ou atuar como docentes e orientadores no futuro.

4. Quando fazer?

A elaboração do tema livre (pôster) deve ser feita somente após a conclusão da execução da pesquisa, ou seja, quando todos os dados já tiverem sido coletados, analisados e interpretados, e o relatório final estiver devidamente redigido e revisado. O tema livre é, por definição, uma síntese visual e estruturada dos resultados da pesquisa — portanto, não pode ser feito adequadamente enquanto o próprio pesquisador ainda não tiver clareza total sobre os achados do estudo.

É um erro comum — e infelizmente frequente — tentar antecipar essa etapa, redigindo o tema livre antes de finalizar o relatório final. Tal prática compromete a qualidade da apresentação, pois o pôster pode conter dados parciais, análises incompletas ou interpretações imaturas. Além disso, ao preparar o tema livre prematuramente, corre-se o risco de apresentar informações inconsistentes, o que enfraquece a credibilidade do trabalho e do pesquisador diante da banca avaliadora e do público.

Finalizar primeiro o relatório final garante que todas as partes da pesquisa estejam bem documentadas, inclusive os desvios de protocolo, as limitações observadas e as reflexões críticas que surgem durante a interpretação dos resultados. Essas informações são fundamentais para que o pôster seja não apenas um resumo gráfico da pesquisa, mas também uma demonstração sólida da maturidade científica do pesquisador.

Outro ponto importante é o planejamento. Muitos eventos científicos têm prazos rígidos para submissão de resumos e envio de pôsteres. Por isso, o pesquisador deve estar atento ao calendário acadêmico e considerar, já durante a redação do relatório final, o período ideal para preparar e submeter o tema livre. Organizar esse cronograma com antecedência permite uma transição mais tranquila entre a fase de execução e a etapa de divulgação.

O momento certo para preparar o tema livre é depois de concluir a redação do relatório final, quando o pesquisador tem domínio completo sobre todas as etapas do estudo e pode apresentar seus resultados com segurança, clareza e fidelidade.

5. Onde fazer?

A produção do tema livre (pôster) pode ser realizada em qualquer local que ofereça as condições técnicas mínimas, especialmente um computador com acesso à Internet, já que a maioria dos modelos de pôster, ferramentas gráficas e orientações institucionais estão disponíveis em formato digital. Essa flexibilidade permite que o pesquisador trabalhe de casa, do laboratório, da biblioteca ou até mesmo de um espaço de coworking, desde que o ambiente ofereça tranquilidade e recursos básicos para a concentração e edição do material.

O mais importante é que o local permita o uso de programas de edição gráfica, como o PowerPoint, Canva, Illustrator, CorelDRAW ou Google Slides, que são comumente utilizados na confecção de pôsteres científicos. Também é fundamental ter acesso aos arquivos da pesquisa, incluindo o relatório final, tabelas, gráficos e imagens relevantes — preferencialmente armazenados em nuvem (como no Google Drive ou OneDrive), garantindo segurança, mobilidade e facilidade de compartilhamento com o orientador ou coautores.

Outro ponto a ser considerado é a impressão do pôster, caso o evento exija a versão física. Para isso, o pesquisador deve localizar com antecedência uma gráfica confiável, que trabalhe com impressão em alta resolução e nos formatos exigidos (geralmente 90×120 cm ou 100×140 cm). Muitas universidades possuem convênios com gráficas ou contam com serviços internos para apoiar seus pesquisadores nessa etapa.

Além disso, em tempos de eventos híbridos ou totalmente virtuais, a produção do pôster também pode ser adaptada para formatos digitais interativos. Nesses casos, o local de produção torna-se ainda mais irrestrito, desde que o pesquisador tenha acesso a uma boa conexão de Internet e consiga exportar o pôster em formatos como PDF interativo ou imagem de alta qualidade, conforme solicitado pelos organizadores do evento.

Por fim, vale lembrar que a produção do pôster não deve ser feita de forma apressada ou improvisada. Escolher um ambiente silencioso, com boa iluminação e livre de interrupções é essencial para garantir qualidade no design, revisão do conteúdo e fidelidade das informações apresentadas. O local ideal, portanto, é aquele que favorece o trabalho concentrado, reflexivo e colaborativo — características indispensáveis para uma boa comunicação científica.

6. Como fazer?

A elaboração de um tema livre no formato de pôster exige planejamento gráfico, clareza de conteúdo e respeito às normas do evento científico no qual será apresentado. É um exercício de síntese visual e textual que deve transmitir, de forma objetiva e atraente, os principais resultados da pesquisa. Para isso, recomenda-se seguir um conjunto de passos organizados, respeitando tanto o conteúdo quanto a estética do material.

a) Inscrição no evento. Antes de iniciar o pôster, é necessário realizar a inscrição do tema livre no evento científico escolhido. Cada evento possui regras próprias para essa submissão, incluindo prazos, modelo de resumo, número de autores, e até exigências quanto à instituição de origem. Entretanto, há um ponto comum: todos exigem o envio de um resumo estruturado, que nada mais é do que uma versão condensada do artigo original ou do relatório final da pesquisa.

📌 Dica: Leia atentamente o edital do evento e confira se há modelos obrigatórios para envio. Prepare com antecedência a versão final do resumo e peça a revisão de um orientador ou colega experiente.

b) Produção do pôster. Após a aceitação do trabalho, chega o momento de preparar o pôster propriamente dito. A confecção pode ser feita utilizando softwares gráficos como PowerPoint, Canva, Adobe Illustrator, CorelDRAW ou Google Slides. Verifique com antecedência na gráfica qual formato de arquivo é aceito para impressão. Os arquivos em Word geralmente não são recomendados, pois não garantem fidelidade de layout na impressão em grande escala.

O pôster deve ser:

• Claro: linguagem acessível, evitando jargões técnicos desnecessários;
• Preciso: informações corretas, sem omissões;
• Objetivo: sem excessos de texto, foco nos dados principais;
• Legível a dois metros de distância: escolha fontes grandes, títulos destacados, cores contrastantes e boa organização visual.

As dimensões padrão são: 90 cm de largura por 120 cm de altura. As medidas mínimas permitidas são 90 cm x 90 cm. Sempre verifique as normas do evento.

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🎤 Dicas para apresentação do pôster

c) Conteúdo obrigatório. O pôster deve apresentar o resumo estruturado da pesquisa, conforme os mesmos tópicos exigidos na redação do artigo original, além de incluir gráficos, tabelas ou imagens que auxiliem na visualização dos resultados. Use figuras que ajudem a contar a história da pesquisa de forma rápida.

A estrutura sugerida para o tema livre em formato pôster é:

1. Introdução
1.1. Contexto
1.2. Hipótese
1.3. Objetivo

2. Métodos
Comitê de ética em pesquisa
2.1. Tipo de estudo
2.2. Local
2.3. Amostra
2.3.1. Critérios de inclusão
2.3.2. Critérios de exclusão
2.3.3. Amostragem
2.3.4. Consentimento livre e esclarecido
2.4. Procedimentos (apenas se aplicável)
2.5. Variáveis
2.5.1. Variável primária
2.5.2. Variáveis secundárias
2.5.3. Dados complementares
2.6. Método estatístico
2.6.1. Cálculo do tamanho da amostra
2.6.2. Análise estatística

3. Resultados
3.1. Desvios da pesquisa
3.2. Características da amostra
3.3. Resultados principais
3.3.1. Variável primária
3.3.2. Variáveis secundárias

4. Conclusão

🔁 Importante: O item 2.4 — Procedimentos — só deve ser incluído se a pesquisa for um ensaio clínico aleatório, estudo de coorte analítico ou estudo de acurácia. Caso não se aplique ao seu tipo de estudo, esse item deve ser excluído e os demais renumerados de forma sequencial.

Ao seguir essa estrutura, o pesquisador assegura que o pôster contenha todos os elementos necessários para uma apresentação científica de qualidade. Além disso, estará mais preparado para responder às perguntas da banca avaliadora com segurança, demonstrando domínio sobre a pesquisa realizada.

7. Considerações finais

Apresentar a pesquisa em um tema livre no formato pôster é uma etapa importante do processo de divulgação científica, mas deve ser entendida como apenas o início dessa fase, e não como sua conclusão. A apresentação em eventos acadêmicos, embora valiosa para treinar a comunicação científica e obter feedback, não substitui a publicação formal dos resultados — que só ocorre com a redação e submissão do artigo original para uma revista científica.

O pôster é, por natureza, efêmero e limitado. Ele resume de forma gráfica os achados principais da pesquisa, mas não oferece espaço suficiente para detalhar a metodologia, discutir as limitações do estudo, explorar implicações práticas ou dialogar criticamente com a literatura científica. Essas dimensões fundamentais da pesquisa só podem ser plenamente abordadas no artigo original.

Muitos pesquisadores iniciantes, especialmente em trabalhos de graduação e iniciação científica, cometem o erro de encerrar sua trajetória científica após a apresentação do pôster. Isso pode gerar a falsa impressão de que a pesquisa foi finalizada, quando, na verdade, a etapa mais importante de compartilhamento do conhecimento ainda não foi cumprida. Do ponto de vista acadêmico, científico e ético, a pesquisa só está verdadeiramente completa quando seus resultados estão disponíveis publicamente, revisados por pares e acessíveis a outros pesquisadores, por meio de uma revista científica indexada.

Além disso, apresentar apenas o pôster e não dar seguimento à publicação pode passar a impressão de que o projeto foi interrompido ou que os resultados não foram suficientemente robustos ou relevantes para serem compartilhados com a comunidade científica. Por essa razão, o pôster deve ser encarado como uma ponte para a publicação, e não como um ponto final.
Finalizar a pesquisa significa cumprir todas as etapas do ciclo científico: planejar com rigor, executar com fidelidade ao método e divulgar com responsabilidade. O pôster é um marco importante, mas incompleto se não for acompanhado pela elaboração do manuscrito completo.

Portanto, ao apresentar sua pesquisa no formato de tema livre, veja essa experiência como um ensaio público do artigo original que virá em seguida. Prepare-se para ir além do pôster. O conhecimento produzido pela sua pesquisa merece ser compartilhado de forma plena, com profundidade, visibilidade e permanência.

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