A pesquisa é a ferramenta pela qual transformamos curiosidade em conhecimento, construindo respostas sólidas para as perguntas mais desafiadoras.

1. Definição
A pesquisa é o principal instrumento através do qual se gera o conhecimento científico, que é caracterizado por ser generalizável e reprodutível. O conhecimento generalizável consiste em informações que podem ser comprovadas por meio de métodos científicos rigorosos, como a observação sistemática e a experimentação controlada. A pesquisa é, portanto, a única forma válida de se gerar conhecimento científico, pois segue uma sequência estruturada de passos conhecida como método científico. Esse método é o foco central da metodologia científica, que faz parte da filosofia da ciência. A filosofia da ciência, por sua vez, pertence ao campo da epistemologia, que investiga a natureza e a validade do conhecimento. Dessa forma, a pesquisa é uma atividade fundamental para a produção de saberes científicos.
A pesquisa ocorre em três etapas sequenciais e bem definidas, cada uma delas resultando em um documento formal que marca seu encerramento:
- Planejamento: Ao final desta etapa, produz-se o projeto de pesquisa, que descreve os objetivos, hipóteses, métodos, as etapas que serão seguidas, aspectos éticos e logísticos.
- Execução: Nesta fase, realiza-se o estudo propriamente dito, e seu término é documentado no relatório final, que resume todos os procedimentos e resultados obtidos.
- Divulgação: A última etapa resulta na produção de um artigo original (manuscrito), o qual é submetido para publicação em uma revista científica, compartilhando os achados da pesquisa com a comunidade acadêmica.
Ao final de cada etapa, o documento correspondente é submetido para avaliação por órgãos e instituições pertinentes. O projeto de pesquisa é encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), o relatório final é encaminhado à banca examinadora, e o artigo original (manuscrito) é submetido ao corpo editorial de uma revista científica antes de ser publicado.

2. Importância
A pesquisa científica desempenha um papel crucial na geração, refutação ou validação de conhecimentos já existentes, além de contribuir para a criação de novos conhecimentos. O principal objetivo é que esses novos saberes beneficiem diretamente a sociedade e melhorem a qualidade de vida humana. Além disso, a pesquisa é essencial para a formação do próprio pesquisador. Ao conduzir um estudo, o indivíduo não apenas aprende a aplicar o método científico, mas também desenvolve habilidades analíticas e críticas essenciais para sua titulação acadêmica.
Nos diferentes níveis de formação — como na graduação, mestrado ou doutorado — é necessário apresentar um trabalho final, o trabalho de colcusão de curso, a dissertação ou a tese., respectivamente. Não podemos esquecer, também, da importância da iniciação científica. Durante essa fase, alunos de graduação realizam pesquisas de curta duração, com o objetivo principal de aprender como pesquisar e entender a aplicação do método científico. Esses projetos, embora mais simples, têm um valor formativo inestimável, pois introduzem o estudante no universo da produção científica e nas normas que regem a pesquisa acadêmica.
3. Quem deve fazer?
Qualquer pessoa pode realizar uma pesquisa, independentemente de seu nível de formação. A pesquisa é uma atividade acessível desde o ensino fundamental até os mais altos níveis de pós-graduação. A principal diferença entre os diferentes níveis está na complexidade da abordagem e na profundidade com que o pesquisador explora o problema. Assim, uma mesma questão de pesquisa pode ser investigada por indivíduos de diferentes formações, resultando em interpretações e conclusões com níveis variados de sofisticação.
No ensino fundamental, por exemplo, os alunos podem investigar questões simples, utilizando abordagens mais rudimentares do método científico. No ensino superior, o mesmo problema pode ser estudado com mais rigor metodológico e análise estatística avançada. Essa progressão no grau de complexidade permite que o pesquisador se desenvolva ao longo de sua trajetória acadêmica.
4. Quando fazer?
A pesquisa pode ser iniciada a qualquer momento, desde que o pesquisador se depare com uma ideia brilhante — uma dúvida que leve a uma pergunta, e essa pergunta por sua vez, desperte o desejo de encontrar uma resposta. A ideia brilhante é o ponto de partida que orienta o planejamento da pesquisa. No entanto, para iniciar o processo de pesquisa, é necessário que o pesquisador tenha os recursos necessários à disposição, incluindo tempo, financiamento, infraestrutura e equipe, caso seja necessário.
O planejamento da pesquisa deve ser minucioso, guiado pela ideia brilhante (pergunta de pesquisa e hipótese), e abrangente o suficiente para incluir todos os detalhes das etapas subsequentes. A ideia brilhante não é apenas o primeiro passo, mas também serve como um norte que conduz todas as demais fases da pesquisa.
5. Onde fazer?
A pesquisa pode ser realizada em qualquer lugar onde os recursos necessários estejam disponíveis para o planejamento, execução e divulgação. Os recursos incluem não apenas materiais e equipamentos, mas também o acesso a informações, como bibliotecas, bases de dados e sistemas eletrônicos para submissão de protocolos de pesquisa. O ambiente de pesquisa deve ser adequado para que o pesquisador possa executar todas as etapas com rigor e eficiência.
Para realizar uma avaliação crítica dos recursos disponíveis, pode-se utilizar ferramentas eletrônicas, como o formulário de autocrítica disponível online (http://bit.ly/mppauto7). A utilização desse instrumento auxilia o pesquisador a verificar se possui as condições ideais para seguir adiante com seu projeto.
6. Como fazer?
O processo de pesquisa segue três etapas principais:
- Planejar a pesquisa (Capítulo 2): O planejamento começa com um processo criativo, onde o pesquisador explora diversas abordagens e ideias. No entanto, conforme o projeto de pesquisa é estruturado, surgem limites rígidos impostos pelas metodologias científicas e pelas normas éticas, que devem ser seguidos com rigor. Neste momento, a criatividade se direciona à forma como o tema será abordado dentro das diretrizes estabelecidas.
- Executar a pesquisa (Capítulo 3): A execução da pesquisa é a etapa prática, que envolve seguir exatamente o que foi delineado no planejamento, sem desvios. Nesta fase, o trabalho é predominantemente técnico, focado em coletar dados, realizar experimentos ou aplicar questionários. A criatividade volta a ser fundamental na fase de interpretação dos dados, quando o pesquisador deve encontrar explicações para os resultados observados e relacioná-los ao que já é conhecido na literatura.
- Divulgar a pesquisa (Capítulo 4): A etapa final da pesquisa é a divulgação dos resultados, que deve ser feita seguindo regras claras e objetivas. Nesta fase, a capacidade de síntese do pesquisador é posta à prova, pois ele precisa condensar meses ou até anos de trabalho em um manuscrito para ser publicado em forma de artigo original.
Pesquisas que envolvem seres humanos devem seguir rigorosamente as normas éticas e científicas, como as previstas na Resolução CNS 466/2012. Além disso, em pesquisas clínicas, é fundamental observar as Boas Práticas Clínicas (Good Clinical Practice), uma recomendação internacional que estabelece padrões para a condução de pesquisas clínicas, influenciando também as normas brasileiras regulamentadas pela CONEP.
7. Considerações finais
A pesquisa é uma atividade humana essencial para o progresso da ciência, que resulta em “verdades temporárias” — isto é, descobertas que podem ser refinadas ou modificadas conforme novas investigações são realizadas. O avanço do conhecimento humano, juntamente com o desenvolvimento de novas tecnologias, sempre abrirá novas questões a serem investigadas, mantendo o ciclo de pesquisa em constante movimento. Esse ciclo segue a sequência de planejar, executar e divulgar, e ao final de cada ciclo, novas ideias emergem, levando ao início de novos projetos. Com o tempo, à medida que o pesquisador adquire experiência, ele será capaz de gerenciar múltiplas pesquisas simultaneamente, coordenando diferentes fases em paralelo: enquanto uma pesquisa está sendo divulgada, outra pode estar sendo executada e uma terceira planejada. Esse ciclo de pesquisa é interminável, perpetuando-se enquanto houver novas perguntas a serem respondidas.
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