3. Executar a Pesquisa

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A execução de uma pesquisa é onde as ideias se transformam em realidade, exigindo rigor e disciplina para obter resultados válidos.

As etapas e fases do processo de fazer uma pesquisa

1. Definição
A execução da pesquisa é o processo prático utilizado para obter resultados de alta qualidade, seguindo rigorosamente as diretrizes estabelecidas no projeto de pesquisa. Ela representa a segunda etapa fundamental do ciclo de pesquisa, que é composto por três fases interconectadas: planejamento, execução e divulgação. Enquanto o planejamento define a estratégia e os objetivos do estudo, a execução envolve a aplicação concreta desses planos, garantindo que os dados coletados sejam precisos, válidos e úteis para a fase subsequente de divulgação.

A execução de uma pesquisa é composta por uma série de atividades organizadas de forma sequencial e meticulosa, abrangendo os seguintes itens essenciais:
● coleta de dados;
● armazenamento dos dados;
● tabulação dos dados;
● relatório parcial (se necessário);
● análise dos dados;
● interpretação dos resultados;
● relatório final.

2. Importância
A execução da pesquisa é a fase na qual os dados planejados são coletados, organizados e analisados, o que torna essa etapa essencial para o sucesso do estudo. O principal objetivo da execução é garantir que os dados sejam obtidos de forma precisa e consistente, seguindo as orientações estabelecidas no projeto de pesquisa. Porém, para que isso aconteça de forma adequada, é fundamental que a execução seja continuamente monitorada. Isso garante que os erros na manipulação dos dados — como coleta inadequada, falhas no armazenamento ou inconsistências na tabulação — sejam minimizados. Além disso, a monitorização é crucial para proteger os sujeitos da pesquisa de qualquer risco ou dano que possa ocorrer durante o estudo, assegurando que os princípios éticos e científicos sejam mantidos ao longo de todo o processo.

3. Quem deve fazer?
O próprio pesquisador tem a responsabilidade de realizar a execução da pesquisa, visto que ele é o principal conhecedor do objetivo, métodos e hipótese envolvidas. No entanto, em situações em que a pesquisa envolve uma grande quantidade de dados ou um número significativo de sujeitos — como em estudos multicêntricos ou com grandes amostras —, parte da execução pode ser delegada a outros membros da equipe de pesquisa, como monitores de campo e auxiliares técnicos. Esses indivíduos podem ser encarregados de tarefas específicas, como a coleta e o armazenamento de dados, mas sempre sob a supervisão direta do pesquisador principal. É importante destacar que, mesmo com a delegação de funções, o pesquisador deve manter o controle sobre o processo e garantir que todas as etapas sejam realizadas de acordo com o plano estabelecido, assegurando a integridade e validade do estudo.

4. Quando fazer?
A execução da pesquisa só deve ser iniciada apenas após a aprovação formal do projeto de pesquisa pelo comitê de ética em pesquisa. Este é um ponto crucial, pois é inaceitável começar qualquer coleta de dados antes que todos os aspectos éticos e metodológicos tenham sido devidamente aprovados. A execução sem essa autorização pode não só comprometer os resultados da pesquisa, como também colocar em risco os participantes da pesquisa envolvidos e infringir normas éticas fundamentais. Além disso, a data de início e término da coleta de dados é uma das informações que devem constar no relatório final da pesquisa. Dessa forma, é importante garantir que a execução comece em um momento apropriado e que todas as etapas estejam claramente registradas para garantir a transparência e a rastreabilidade do processo de pesquisa.

5. Onde fazer?
A execução da pesquisa começa no local onde os dados serão coletados, que pode ser o ambiente onde estão os sujeitos da pesquisa ou a fonte de informações, como hospitais, laboratórios, instituições de pesquisa, ou outros locais de coleta. A coleta de dados deve ser conduzida rigorosamente conforme descrito no planejamento, sem desvios improvisados. Após a coleta, os dados são transportados ou inseridos no “escritório”, que pode ser tanto um espaço físico quanto virtual, onde serão armazenados, tabulados e analisados. É neste ambiente que os dados brutos são organizados e interpretados, seguindo as técnicas apropriadas para garantir sua integridade e segurança. A escolha adequada do local de coleta e análise dos dados é essencial para que a pesquisa seja executada de maneira eficiente e precisa.

6. Como fazer?

Coletar os dados (Cap. 11) – É a obtenção dos dados junto aos participantes da pesquisa ou fontes de informação. A coleta deve ser realizada de maneira rigorosa, conforme descrito no projeto, sem desvios metodológicos.
Armazenar os dados (Cap. 12) – os dados devem ser armazenados em um local seguro, garantindo sua integridade e proteção contra perdas ou corrupção.
Tabular os dados (Cap. 13) – Organiza os dados coletados em tabelas, facilitando a aplicação de análises estatísticas e garantindo que os resultados sejam compreensíveis e precisos
Redigir relatório parcial (Cap. 14) – Durante a execução, é comum a produção de relatórios parciais, que documentam o progresso da pesquisa e permitem ajustes ou correções no processo
Analisar os dados (Cap. 15) – Os dados brutos são submetidos a análises estatísticas ou qualitativas, conforme o caso, para gerar os resultados finais.
Interpretar os resultados (Cap. 16) – É quando se dar sentido aos resultados obtidos, comparando-os com a hipótese inicial e com a literatura existente.
Redigir o relatório final (Cap. 17) – Documenta toda a execução da pesquisa, incluindo a análise e a interpretação dos dados, e serve como base para a divulgação dos resultados.

Para que essas etapas sejam realizadas corretamente, é imprescindível seguir as normas éticas e científicas, como as estabelecidas pelo ICH ((http://www.ich.org ) e pela CONEP (link). A execução da pesquisa requer um rigor científico em cada uma de suas etapas, e o monitoramento contínuo é necessário para assegurar a validade dos resultados e a proteção dos sujeitos.

7. Considerações finais
A execução da pesquisa, ao contrário da fase de planejamento, é uma etapa que não permite improvisação. Todas as atividades devem ser realizadas de acordo com o planejamento pré-estabelecido, sem alterações no percurso. Enquanto o planejamento envolve criatividade e flexibilidade, a execução exige disciplina e rigor técnico, especialmente nas fases iniciais, que envolvem a coleta e o armazenamento de dados. O processo de execução tem um caráter mais mecânico no início, porém, nas etapas finais, que envolvem a interpretação dos dados e a redação do relatório, volta-se a exigir do pesquisador uma abordagem mais intelectual e criativa. O sucesso da execução facilita o processo seguinte, que é a divulgação dos resultados, preparando o caminho para a publicação de um artigo original.

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