O sucesso de uma pesquisa depende de um planejamento meticuloso; sem um plano claro, os melhores dados não têm como ser coletados.

1. Definição
É o processo utilizado para produzir resultados de boa qualidade a partir da elaboração de um projeto de pesquisa que deve conter as razões para a realização da pesquisa e os detalhes de como ela será realizada. É a primeira das três etapas da realização de uma pesquisa (planejamento – execução – divulgação). É formada por cinco itens:
● idéia brilhante;
● plano de intenção;
● revisão da literatura;
● teste de instrumentos e de procedimentos;
● projeto de pesquisa.
2. Importância
A principal razão para fazer o planejamento da pesquisa é evitar os vieses. No entanto, ele tem três outras finalidades. Uma é sua avaliação das questões éticas e científicas por uma comissão independente. Isso ocorre na submissão compulsória do projeto de pesquisa para o comitê de ética em pesquisa. A outra é a solicitação de financiamento para as agências de fomento. E por fim, o registro da pesquisa nas bases de dados de registro (Por exemplo, http://www.ensaiosclinicos.gov.br e http://www.who.int/ictrp).
3. Quem deve fazer?
O próprio pesquisador é a pessoa mais adequada para fazer o planejamento da pesquisa, pois ele é quem tem o maior entendimento sobre os objetivos e a natureza do estudo. É ele que possui a compreensão clara da pergunta de pesquisa, dos métodos que serão utilizados e dos resultados esperados. Além disso, o pesquisador está diretamente envolvido na formulação das hipóteses e na condução de cada etapa do estudo, desde a concepção da ideia até a divulgação dos resultados. Sendo assim, é essencial que o pesquisador esteja no controle do processo de planejamento, pois isso garante a consistência e a fidelidade do estudo às suas intenções originais.
Contudo, em alguns casos, o planejamento da pesquisa pode contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar, especialmente em projetos mais complexos. Essa equipe pode incluir estatísticos, metodologistas e especialistas em ética, que auxiliam o pesquisador na elaboração de um plano robusto e alinhado com as boas práticas científicas. Apesar disso, o papel principal e a responsabilidade pela organização e execução do planejamento da pesquisa permanecem com o pesquisador, que deve assegurar que todos os aspectos do estudo sejam devidamente considerados.
4. Quando fazer?
O planejamento da pesquisa deve ser iniciado assim que surge a ideia brilhante, ou seja, no momento em que o pesquisador identifica uma questão ou problema que merece investigação. A ideia brilhante é o ponto de partida que direciona todo o processo de planejamento e execução da pesquisa. Quanto mais cedo o planejamento for iniciado após a concepção da ideia, maior será a precisão no delineamento das etapas e menor a chance de desvios durante a execução. É importante que o pesquisador não adie essa etapa, pois o planejamento precoce permite que sejam identificados obstáculos e limitadores potenciais, que podem ser resolvidos ou mitigados antes que a pesquisa avance para a fase de execução.
Além disso, é essencial que o planejamento seja revisado e ajustado continuamente durante essa fase inicial. Mesmo que a ideia inicial seja clara, o avanço das etapas de revisão da literatura e de desenvolvimento metodológico pode exigir ajustes no planejamento para garantir que a pesquisa permaneça viável e relevante. Portanto, o planejamento não é um processo estático, mas dinâmico, que deve começar o quanto antes, mas continuar evoluindo conforme novas informações e desafios surgem.
5. Onde fazer?
O planejamento da pesquisa pode ser feito em qualquer lugar onde o pesquisador tenha acesso aos recursos necessários, como literatura científica, ferramentas de análise e outros materiais essenciais para o desenvolvimento da pesquisa. Inicialmente, grande parte do planejamento ocorre no ambiente de estudo do pesquisador, onde ele pode refletir sobre a pergunta de pesquisa e estruturar as etapas da investigação. Isso pode incluir consultas a bancos de dados acadêmicos, discussões com colegas ou mentores, e o uso de softwares específicos para delinear os métodos que serão aplicados.
No entanto, o planejamento não está restrito a um único ambiente físico. Muitas vezes, o planejamento da pesquisa também ocorre em campo, especialmente quando o pesquisador precisa avaliar as condições de coleta de dados, verificar a disponibilidade de infraestrutura ou mesmo testar procedimentos. Para pesquisas experimentais ou de campo, por exemplo, o planejamento pode incluir visitas a laboratórios, hospitais, ou locais onde os dados serão coletados. Assim, o “onde” fazer o planejamento da pesquisa depende da natureza do estudo, mas envolve tanto ambientes físicos quanto digitais, sempre buscando garantir que o pesquisador tenha acesso a todos os recursos necessários para uma preparação eficaz.
6. Como fazer?
● Desenvolver a ideia brilhante (Cap. 5)
● Redigir o plano de intenção (Cap. 6)
● Revisar a literatura (Cap. 7)
● Testar os instrumentos e os procedimentos (Cap. 8)
● Redigir o projeto de pesquisa (Cap. 9)
Atualmente existem leis e regras para a elaboração do projeto de pesquisa clínica. As boas práticas clínicas (em inglês, good clinical practice) é uma recomendação internacional de como fazer pesquisas clínicas. Esta recomendação influenciou as normas brasileiras (CONEP e CONCEA) sobre pesquisa clínica. Para fazer o planejamento de uma pesquisa clínica, será importante observar estas recomendações/normas e observar os itens fundamentais do projeto de pesquisa clínica que será o último item no planejamento da pesquisa.
7. Considerações finais
O tempo dedicado ao planejamento da pesquisa é essencial para evitar problemas nas etapas de execução e de divulgação. Quanto melhor for o planejamento, mais fáceis serão as próximas etapas. Por isso, o resultado final do planejamento da pesquisa é a elaboração de um projeto de pesquisa com os detalhes necessários para que um outro pesquisador, com a mesma formação que a sua, consiga executar a pesquisa e obtenha resultados semelhantes aos que você irá obter.
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